Tive um sonho de Natal com três gigantes da literatura portuguesa sobre o humano, o tecnológico e o eterno, viajando em túneis de palavras, com algoritmos que esquadrinhavam estrelas natalinas, em um lugar antigo, com espírito de celebração, em um País das Maravilhas, buscando uma realidade que não está em nenhum lugar e está em todos, com um navegante das palavras e dos mares das águas da inovação, e questionador do óbvio, em um tempo em que máquinas pensam, mas não têm valores humanos universais, apenas crença.
No dia 24 de dezembro de 2024, enquanto Cesar mergulhava em seu sono, ele foi transportado para um mundo onde as palavras tinham vida própria, flutuando no ar como estrelas no céu de Natal, iluminando o caminho para um futuro cheio de possibilidades. As estrelas natalinas guiavam seu caminho, enquanto as palavras natalinas cantavam uma melodia tão suave que parecia um hino de paz.
Porém, as vozes das palavras começaram a se tornar mais claras, e Cesar pôde distinguir cada uma delas, como se fossem mensagens para ele. Ele ouviu a voz da Natal, a festa mais magica do ano, chamando-o para se aproximar. Com a curiosidade inabalável, ele se aproximou e descobriu que cada palavra era uma chave para desbloquear o tesouro escondido no coração da noite de Natal.
Natal: O Espelho das Nossas Inquietações
Cesar despertou em um lugar que parecia tirado de um túnel de palavras, onde velas cintilantes e circuitos dourados criavam um ambiente mágico. À sua volta, três figuras lendárias emergiram da névoa: Fernando Pessoa, Luís de Camões e José Saramago. A cena parecia o resultado da combinação de algoritmos de sonhos e estrelas, natalinas, que se uniam para criar algo mágico. ‘Bem-vindo, Cesar. Não se assuste’, disse Pessoa. ‘O Natal nos concede presentes inesperados, como este encontro. Eu sou Fernando Pessoa. Dizem que sou múltiplo, mas prefiro me ver como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que distorcem, refletindo falsamente uma única realidade que não está em nenhum e está em todos.’
Camões se aproximou, com um sorriso no rosto. ‘Saudações, Cesar! Sou Luís de Camões, navegante das palavras e dos mares. Este é um tempo propício para contemplar os novos mundos que desbravamos. Por suas vestes e seu ar, vejo que vens do moderno, como quem navega as águas da inovação.’ Saramago se juntou à conversa, com uma expressão pensativa. ‘Cesar, um prazer tê-lo conosco. Sou José Saramago, um questionador do óbvio. Parece que este seu devaneio nos reuniu para discutirmos o que significa ser humano em um tempo em que máquinas pensam e o mundo busca sentido.’
Cesar, ainda atônito, percebeu que o sonho parecia mais real do que podia imaginar. Ele, que sempre se viu como um sonhador e entusiasta da tecnologia, agora dividia espaço com três gigantes da literatura. ‘É uma honra conhecê-los’, disse, tratando cada pronome e conjunção como se fossem peças de porcelana fina. ‘Se este é um sonho, é o mais extraordinário que já tive. Estamos em um momento em que a tecnologia avança exponencialmente, mas também nos confronta com questões profundas sobre propósito e humanidade. E é Natal, uma época que sempre nos convida à reflexão.’
Pessoa interveio, com sua voz suave. ‘Ah, Cesar, o humano, por essência, é um navegante do desconhecido. A inteligência artificial que agora molda teu mundo funciona como um espelho: reflete nossas inquietações, nossos anseios e nossos temores. Mas eu me pergunto: será que sabemos o que realmente desejamos encontrar nesse reflexo?’ Camões concordou, com um movimento da cabeça. ‘Diria que enfrentamos monstros e tempestades, como outrora. Mas hoje os monstros são invisíveis, feitos de dados e códigos. Dizer-se-ia que, pelo menos, esses não me custaram um olho…’
O Natal, porém, nos lembra de olhar para o essencial — o humano, o afeto, o desejo de construir algo que transcenda o tempo. Saramago interrompeu, com uma voz profunda. ‘E será que estamos olhando para isso, Cesar? Ou estamos cegos, como em minha história? O Natal é cheio de luzes, mas será que essas luzes não nos ofuscam? Criamos máquinas que podem pensar, mas será que compreendem o que significa ser humano?’
Fonte: @ NEO FEED
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