Rede social usa servidor intermediário da Cloudflare, dificultando bloqueio por operadoras de internet, e fica disponível para alguns brasileiros após suspensão por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Após uma mudança de servidores, os usuários brasileiros conseguiram acessar novamente o X, rede social que estava bloqueada desde o fim de agosto por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa mudança permitiu que o X superasse o bloqueio imposto e voltasse a estar disponível para os usuários brasileiros.
A mudança de servidores foi possível graças à utilização de endereços de IP vinculados a servidores da Cloudflare, segundo a Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint). Essa medida permitiu que o X contornasse a restrição imposto pelo STF e voltasse a estar acessível para os usuários brasileiros. A liberdade de acesso à informação é fundamental e medidas como essa são importantes para garantir que os usuários tenham acesso a conteúdo online sem barreiras.
Bloqueio: O X consegue driblar a restrição com novos servidores
Relatos no Bluesky indicaram que algumas pessoas conseguiram acessar e publicar no X pelo Wi-Fi e pela rede móvel da operadora, mesmo sem usar VPN. Na prática, a mudança ajudou o X a contornar o bloqueio feito por operadores de telefonia após a ordem judicial. Com os novos servidores, fica mais difícil para os provedores impedirem o acesso à Rede. A Abrint diz que o X passou a usar endereços de IP vinculados ao serviço de servidores Cloudflare, e não mais a uma infraestrutura própria.
A Cloudflare é uma empresa que fornece serviços e pode atuar como um intermediário entre o servidor de um site e o usuário. Neste caso, esse serviço permitiu que o X se tornasse mais resistente contra o bloqueio. Diferente do sistema anterior, que usava IPs específicos e passíveis de interdição, o novo sistema [Cloudflare] faz uso de IPs dinâmicos que mudam constantemente, diz a Abrint. Muitos desses IPs são compartilhados com outros serviços legítimos, como bancos e grandes plataformas de internet, tornando impossível bloquear um IP sem afetar outros serviços.
Proibição: A Cloudflare como serviço de proxy reverso
A Cloudflare é um serviço de proxy reverso, que funciona como um intermediário entre o servidor de um site e o usuário. Ele serve para oferecer mais segurança e melhorar a performance para o site. Um proxy reverso reside na frente de um servidor de origem e garante que nenhum cliente jamais se comunique diretamente com esse servidor de origem, diz a Cloudflare, em sua página. Neste caso, a Cloudflare funcionou como um serviço terceirizado para entregar conteúdo do X para os usuários brasileiros, explicou Thiago Ayub, diretor de tecnologia da empresa de telecomunicações Sage Networks.
A diferença é que, como há uma troca do equipamento que é responsável por entregar o conteúdo, esse novo equipamento não estava previamente bloqueado, explicou. Uma comparação que a gente poderia fazer é de que, com o carro banido de entrar no Brasil, o Elon Musk alugou um carro com outra placa e conseguiu entrar despercebido, disse Ayub.
Barreira: O que acontece agora?
A Abrint afirma que as operadoras estão em uma posição delicada e aguardam o posicionamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para entender quais medidas devem ser tomadas. Os provedores não podem tomar ações por conta própria sem uma orientação oficial da Anatel, pois um bloqueio equivocado poderia afetar empresas legítimas, diz a associação. Nesse contexto, quem pode bloquear especificamente o X é a Cloudflare. Ela tem plena autonomia de fazer esse bloqueio somente para o X e para os usuários brasileiros, porque são os equipamentos dela que estão sendo utilizados, destacou Ayub. Ele afirma que a situação causa uma restrição para as operadoras, que precisam encontrar uma solução para contornar o bloqueio.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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