Vida começar, superar vício, Grandes Coisas, resgatar cachorros
A vida é um caminho cheio de desafios e surpresas, e muitas pessoas acreditam que ela começa a fazer sentido após os 40 anos. É como se a maturidade fosse um prêmio para aqueles que conseguem viver e aprender com as experiências. John Lennon, o lendário músico dos Beatles, até planejou escrever uma música chamada “A Vida Começa aos 40”, mas infelizmente nunca teve a chance de gravá-la, pois foi tragicamente morto a tiros dois meses após completar 40 anos.
No entanto, a vida não é apenas sobre existir, mas sim sobre sobreviver e viver plenamente. É preciso encontrar um equilíbrio entre as responsabilidades e os prazeres, e não deixar que as dificuldades nos façam esquecer de aproveitar os momentos bons. A vida é curta, e é importante não desperdiçar tempo e energia em coisas que não nos fazem feliz. Viver a vida ao máximo é o que realmente importa, e é isso que devemos buscar, independentemente da idade. A vida é um presente precioso, e devemos aproveitá-la ao máximo, sem medo de errar ou falhar. A vida é um desafio, e é preciso estar preparado para enfrentá-lo com coragem e determinação.
Encontrando o Propósito da Vida
Na idade em que todos ao meu redor pareciam ter resolvido as Grandes Coisas — carreira estável, família, segurança financeira —, eu estava a anos luz disso, lutando para encontrar meu lugar na vida. Muitos amigos da minha idade percorriam esse caminho de vida bem conhecido com alegria, mas eu estava perdido, num mato sem cachorro, tentando existir e sobreviver em um mundo que parecia ter passado por mim. Eu estava a anos luz de uma vida plena, e isso me fazia questionar o verdadeiro propósito da vida.
Eu era um verdadeiro fracasso, tendo passado 25 anos lidando com depressão, ansiedade e vício, o que me impedia de viver uma vida que importasse de verdade. Eu perdia semanas inteiras prostrado na cama, esgotado e com uma espécie de névoa mental, o que me fazia sentir que estava apenas existir, sem realmente viver. Arruinei relacionamentos, abandonei empregos, vaguei por diferentes partes do mundo, tentando encontrar um sentido para a minha vida, mas tudo o que eu encontrava era um vazio que me fazia querer fugir da minha mente.
E isso tudo só serviu para que eu descobrisse que nunca poderia fugir do verdadeiro problema da minha vida — eu mesmo. Perdi anos da vida cambaleando de uma farra caótica para a outra, tentando sobreviver, mas não conseguindo realmente viver. Às seis da manhã, eu já estava sentado sozinho, bebendo e tomando remédios para anestesiar a dor, o cinzeiro transbordando de tantos cigarros, o que me fazia sentir que estava apenas existir, sem realmente viver.
Um Novo Começo
Tudo o que eu queria era escapar da minha mente, um pouco de normalidade; as quatro horas de alívio proporcionadas por um Valium ou um Xanax; uma dúzia de latinhas de cerveja para me esquecer da vida; vinho e uísque para entorpecer o vazio; um apagão causado pela bebida para passar por mais um dia. Mas, apesar de tentar coisas como reuniões de apoio, remédios e terapia, precisei quase me matar de tanto beber na véspera de ano-novo de 2020 e passar três dias na UTI para enfim mudar tudo. Aquele episódio sombrio à beira da morte me fez perceber que eu queria viver, que eu queria existir de verdade, e que eu queria sobreviver para encontrar um propósito para a minha vida.
Eu jurei fazer com que meu tempo restante neste mundo de fato valesse a pena, fazer a diferença, e encontrar um sentido para a minha vida. A recuperação física e mental não aconteceu da noite para o dia; precisei de tempo e paciência para aprender a viver novamente. Conceber um plano grandioso também não aconteceu num piscar de olhos, mas eu estava determinado a encontrar um propósito para a minha vida, a existir de verdade, e a sobreviver para viver uma vida plena.
Encontrando o Propósito
Contudo, por fim, aos 42 anos, tive sorte e encontrei minha razão de existir. Eu jamais teria imaginado que seria necessário um bando de cachorros de rua desconhecidos na Tailândia — indesejados, abandonados, desgrenhados, negligenciados — para me mostrar como aproveitar a vida ao máximo. O vigor, o entusiasmo, a alegria e a resiliência da cachorrada me surpreenderam, e me fizeram perceber que a vida começar de novo era possível. Ao testemunhar suas lutas brutais, a pura bravura e a tenacidade obstinada com que enfrentam uma vida de cão, enfim aprendi o que parecia ser o verdadeiro significado da vida, e eu estava determinado a viver, a existir, e a sobreviver para encontrar um propósito para a minha vida.
As pessoas que acompanham minhas histórias nas redes sociais me veem como alguém que ‘salva’ os cães, mas na verdade é o contrário; foram eles que me salvaram, e me ensinaram a viver, a existir, e a sobreviver. Eu fundei a Happy Doggo, entidade cuja missão é resgatar, proteger e cuidar de cães de rua pela Tailândia, além de promover ações on-line e ao redor do mundo, e eu estou determinado a continuar a viver, a existir, e a sobreviver para fazer a diferença na vida dos outros.
Fonte: @ Veja Abril
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