Mais de 50% das páginas web criadas entre 2013 e 2023 desapareceram por diversas razões, incluindo ciberataques, falta de incentivos institucionais, técnicas inadequadas de preservação de dados e esforços insuficientes dos centros de organizações jornalísticas e voluntários, além de dificuldades jurídicas e financeiras, afetando conteúdo digital e entretenimento.
Os arqueólogos descobriram uma rica história registrada nos restos da Antiguidade em Pompeia, onde fragmentos de papiros, mosaicos e tábuas de cera fornecem uma visão fascinante do conteúdo das refeições dos moradores, 2 mil anos atrás.
Nos túneis de Pompeia, os arqueólogos encontraram restos de papiros com receitas antigas, detalhando o que os moradores comiam no café da manhã. Essa história é recriada em cada fragmento de papiro, cada mosaico e cada táboa de cera, revelando uma clara compreensão do conteúdo das refeições cotidianas dos antigos moradores de Pompeia.
Preservando a História Digital: Um Desafio para o Futuro
Aprender sobre a história medieval pode nos permitir entender a vida nas fazendas do século 11, no norte da Inglaterra, graças ao Domesday Book – o documento mais antigo dos Arquivos Nacionais do Reino Unido que fornece informações valiosas sobre animais criados nas fazendas. Além disso, cartas e romances remanescentes nos mostram como era a vida social na era vitoriana – e quais eram as pessoas mais adoradas ou odiadas da época. Mas, para os historiadores do futuro, a combinação da nossa forma de vida digital com a falta de esforços oficiais para arquivar as informações que o mundo produz hoje em dia pode apagar nossa história da face da Terra. A falta de incentivos para manter o conteúdo online e a perda de dados nos últimos anos podem levar a uma perda irreversível da história. Mas, um grupo informal de organizações vem combatendo as forças da entropia digital.
Muitas delas são operadas por voluntários, com pouco apoio institucional. O maior símbolo da luta para salvar a web é o Internet Archive, uma organização sem fins lucrativos sediada em São Francisco, na Califórnia (EUA). Criada em 1996 como um projeto apaixonado do pioneiro da internet Brewster Kahle, a organização criou o que pode ser o mais ambicioso projeto de arquivo digital já realizado. São 866 bilhões de páginas web, 44 milhões de livros, 10,6 milhões de vídeos com filmes e programas de televisão – e muito mais. Abrigadas em diversos centros de dados espalhados pelo mundo, as coleções do Internet Archive e outros grupos similares são tudo o que temos para evitar a amnésia digital.
Os riscos são muitos. Não é só a tecnologia que pode falhar, embora isso certamente aconteça. O mais importante é que as instituições falham, as empresas fecham. As organizações jornalísticas são devoradas por outras organizações jornalísticas ou saem do ar, como é cada vez mais frequente. Existem inúmeros incentivos para colocar conteúdo online, mas são poucas as razões que fazem as companhias manterem este conteúdo no longo prazo. Mesmo com todos os feitos já realizados, o Internet Archive e organizações similares enfrentam ameaças financeiras, dificuldades técnicas, ciberataques e batalhas jurídicas geradas por empresas que não gostam da ideia de ver cópias da sua propriedade intelectual disponíveis gratuitamente.
Cada vez mais, nossos esforços intelectuais, nosso entretenimento, nossas notícias e nossas conversas existem apenas no ambiente digital. Este ambiente é inerentemente frágil. O estudo recente do think tank Pew Research Center, com sede na capital, revelou que um quarto de todas as páginas web que já existiram em algum momento entre 2013 e 2023… não existem mais. A falta de esforços oficiais para arquivar as informações que o mundo produz hoje em dia pode apagar nossa história da face da Terra.
Fonte: © G1 – Tecnologia
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