O Brasil é o país da América Latina com o maior número de diagnósticos de depressão, enfrentando sobrecarga de tarefas domésticas e lutas por direitos básicos, resultando em episódios graves.
A depressão é um problema de saúde mental que afeta milhões de pessoas no Brasil, sobretudo mulheres, que apresentam quadros de ansiedade e depressão mais frequentemente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país da América Latina com o maior número de diagnósticos de depressão e ocupa o segundo lugar nas Américas nesse ranking.
Entre os diagnósticos de depressão no Brasil, as mulheres são as mais afetadas, com sete de cada dez casos registrados entre elas. Além disso, a depressão pode ser um sinal de alerta para outros problemas de saúde mental, como a ansiedade. É importante buscar ajuda profissional para lidar com esses quadros, pois a depressão pode ter consequências graves se não for tratada adequadamente.
Uma carga emocional desproporcional
A depressão e a ansiedade são companheiras de viagem para muitas mulheres, especialmente aquelas que enfrentam quadros de sobrecarga e malabarismo diário. Desde a gestão de tarefas domésticas até a luta por direitos básicos no mercado de trabalho, a pressão é constante. Além da responsabilidade por cuidar dos filhos, muitas mulheres se veem obrigadas a lidar com excesso de trabalho e responsabilidades, levando a episódios graves de burnout.
A questão não é apenas achar formas de gerenciar esse matagal de tarefas, mas resolver a questão de fundo. Qual é a origem desse problema? Por que, ainda hoje, muitas mulheres se sentem obrigadas a lidar sozinhas com tudo? A resposta reside na falta de apoio e na escassez de políticas públicas que atendam às necessidades específicas das mulheres.
Uma rede de apoio essencial
A rede de apoio é fundamental para que as mulheres consigam lidar com a sobrecarga. Trata-se de uma questão de direitos básicos, pois as mulheres precisam de uma rede de apoio para gerenciar suas vidas. Sem isso, o risco de depressão e de quadros de ansiedade aumenta. Além disso, é fundamental que haja políticas públicas que reconheçam e remunerem as mulheres que atuam na economia do cuidado.
A rede Mulher Empreendedora (RME) é um exemplo de como isso pode ser feito. A RME é uma rede de apoio que oferece suporte emocional e profissional às mulheres empreendedoras. É um modelo que pode ser replicado em outras partes do país, possibilitando que mais mulheres tenham acesso a apoio e oportunidades.
Um chamado para a ação
A depressão e a ansiedade são questões de saúde mental que afetam muitas mulheres. No entanto, a questão principal é a sobrecarga e o malabarismo diário. É hora de mudar a forma como lidamos com isso. A resposta não é apenas buscar ajuda, mas também exigir mudanças. Mudanças nas políticas públicas, na forma como lidamos com o trabalho e na forma como valorizamos as mulheres.
Precisamos criar um ambiente de trabalho que permita que as mulheres tenham uma vida equilibrada, com tempo para o lazer, para a família e para fazer o que gostam. Precisamos reconhecer e remunerar as mulheres que atuam na economia do cuidado. E precisamos criar políticas públicas que atendam às necessidades específicas das mulheres.
A rede de apoio é fundamental, mas não é suficiente. É hora de exigir que as políticas públicas mudem a forma como lidamos com a sobrecarga e o malabarismo diário. É hora de exigir que as mulheres sejam valorizadas e respeitadas. E é hora de exigir que as políticas públicas atendam às necessidades específicas das mulheres.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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