Elogiado por Machado de Assis, publicou 14 obras sobre romance brasileiro, colônia de pescadores, arquitetura colonial e doenças infectocontagiosas, apesar de criar seis filhos e trabalhar cedo.
O relançamento de “O Filho do Pescador”, obra-prima de Teixeira e Souza, é uma oportunidade única para mergulhar no primeiro romance brasileiro e conhecer melhor o seu autor, um talentoso escritor mestiço de Cabo Frio (RJ). Sua história é um exemplo de superação, pois, apesar de não ter tido a chance de se dedicar integralmente à literatura, ele deixou um legado literário inestimável.
Teixeira e Souza, um romancista de grande talento, é frequentemente lembrado por sua obra inaugural, que marcou o início da literatura brasileira. Seu estilo único e sua visão crítica da sociedade são características que o tornam um autor importante na história da literatura nacional. Machado de Assis, um dos maiores nomes da literatura brasileira, o chamou de ‘gênio adormecido’, reconhecendo seu potencial e contribuição para a literatura brasileira. Sua obra continua a inspirar novos leitores e escritores.
Teixeira e Souza: O Autor do Primeiro Romance Brasileiro
Admiradores homenageiam o busto de Teixeira e Souza em Cabo Frio, cidade natal do romancista. O primeiro romance brasileiro, ‘O Filho do Pescador’, é uma obra que exalta a figura do negro. Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, autor do livro, enfrentou muitas dificuldades na vida, incluindo a perda de seus pais e irmãos na juventude. Ele deixou os estudos aos 10 anos para trabalhar e, mais tarde, renunciou à carreira literária para criar seus seis filhos.
Mesmo assim, Teixeira e Souza publicou 11 obras ao longo de sua vida. ‘Nasceu pobre e morreu pobre’, resume o escritor José Correia Baptista, que escreveu uma orelha para o relançamento de ‘O Filho do Pescador’. Baptista é um pesquisador da obra de Teixeira e Souza e mora em Cabo Frio há 40 anos.
A Infância e a Juventude de Teixeira e Souza
Teixeira e Souza nasceu em 1812, em uma cidade pobre e pequena, com apenas algumas casas e uma colônia de pescadores. ‘Era uma cidade paupérrima, com não mais que dois mil habitantes’, descreve Baptista. A cidade de Cabo Frio foi fundada em 1615, mas demorou oitenta anos para ter um sino na igreja. O Forte São Mateus, construído entre 1616 e 1620, é uma das mais antigas obras da arquitetura colonial latino-americana.
Teixeira e Souza foi o filho mais velho de um português e uma brasileira preta. Ele teve que largar as aulas de latim aos dez anos para aprender carpintaria, pois seu pai, um comerciante, estava quebrado. Apesar de ter deixado os estudos, o gosto pela literatura estava incorporado em sua personalidade.
A Carreira Literária de Teixeira e Souza
Os anos seguintes foram difíceis para Teixeira e Souza. Com treze anos, ele mudou-se para o Rio de Janeiro, onde sua mãe havia morrido. Voltou à terra natal cinco anos depois, tuberculoso, e viu seu pai e irmãs morrerem de doenças infectocontagiosas. ‘O tipo de doença mostra bem a situação social’, diz Baptista.
Aos 22 anos, Teixeira e Souza estava sozinho no mundo. Um amigo cedeu uma pequena casa em Capivari para que ele se recuperasse da tragédia. Acredita-se que nesse período, ele tenha começado a arquitetar o primeiro romance brasileiro, ‘O Filho do Pescador’.
Teixeira e Souza retornou ao Rio de Janeiro em 1840 e arrumou emprego como tipógrafo na gráfica e editora de Paula Brito, um ‘mecenas dos pobres’, conforme classifica Baptista. Paula Brito deu emprego a Teixeira e Souza e, posteriormente, a Machado de Assis, que chamou o autor do primeiro romance brasileiro de ‘gênio adormecido’. Trabalhando como tipógrafo, Teixeira e Souza imprimiu e publicou ‘O Filho do Pescador’ em 1843.
Fonte: @ Terra
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