Cruzeiro que fabricou atraso termina Sul-Americana cedo, após dois meses de jogo carregado de movimentos característicos do novo dono, quedas nas finais das semanas e passagem de Fernando Seabra.
O Cruzeiro enfrenta desafios para se tornar o time de Fernando Diniz que ele promete ser. A equipe trabalha em unidade para desenvolver um estilo de jogo peculiar e criativo, que pode impressionar os olhos de muitos fãs.
Em campo, a equipe do Cruzeiro demonstra uma compreensão profunda do que é pedir demais, especialmente quando se trata de um desafio tão grande quanto a final da Copa Sul-Americana. O estilo de jogo único de Fernando Diniz pode ser intimidante para alguns, mas não para o grupo treinado por ele, que trabalha em torno da ideia de se tornar um time Cruzeiro de verdade. Além disso, as experiências adquiridas nos últimos jogos, como o Cruzeiro, são fundamentais para o sucesso de um time em campanhas nessa escala.
Um Cruzeiro em Transformação, Desafiado em sua Nova Era
Em meio a uma temporada que mostrou muitas promessas, o Cruzeiro enfrentou um desafio significativo, não apenas técnico, mas também de conduta. O time passou por uma transformação, liderada pelo novo dono do clube, que decidiu trocar o então técnico Fernando Seabra por alguém com um perfil mais autoral e peculiar. Este movimento, embora trouxe riscos, também abriu espaço para Diniz conduzir o time em 2025 a um nível de jogo mais elevado e até a resultados melhores.
No entanto, quando a promissora passagem de Fernando Seabra foi interrompida, um risco foi colocado: a reta final da temporada poderia sofrer as consequências de um time em transformação. Isso se materializou na derrota para o Racing, onde a maior diferença não foi técnica ou individual, mas a convicção que cada uma das equipes tinha na sua forma de atuar. É até natural que se argumente que o Cruzeiro sofrera uma queda nas semanas finais de Seabra após um período de ótimo desempenho no Brasileiro.
Mas não é simples de separar tal oscilação da conduta do novo dono do clube, cujas manifestações, ao menos uma delas num áudio vazado, lembraram mais o antigo perfil do dirigente voluntário em clubes associativos do que um líder em uma estrutura empresarial. Nesse sentido, a forma como o Racing tentava chegar ao gol, com pressão forte no jogador cruzeirense que tivesse a bola e um jogo bem direto e de poucos passes, não era uma estratégia nova, mas sim um jogo bem conhecido da equipe.
Quase sempre, o alvo era Salas pelo lado esquerdo, onde saiu um gol que terminou anulado e também o gol de Adrián Martínez, o segundo dos argentinos no jogo. O Cruzeiro controlava mal as bolas em profundidade às costas de sua defesa e, em dado momento, tentou pressionar deixando sua linha defensiva no mano a mano, mas deu espaços a quem faria o lançamento – no caso o lateral Rojas. Antes disso, Martirena já traíra Cássio num cruzamento que encontrou a rede, abrindo o placar.
Foram 20 minutos em que o Cruzeiro mal respirou no calor da capital paraguaia. O time tentava executar movimentos característicos do jogo proposto por seu treinador. Mas a sensação é de que ainda faz força para isso. A saída de bola tinha jogadores desconfortáveis, em especial Walace, que falhou no segundo gol. Ele foi substituído ainda na primeira etapa. Quem parece se afirmar como fio condutor da equipe é Matheus Henrique. São seus movimentos que determinam onde o time vai acumular jogadores e tentar trabalhar em passes curtos.
A partir da metade final da primeira etapa o Cruzeiro se estabilizou, mas sua posse era pouco contundente, gerava raros movimentos de infiltração. Na segunda etapa, quando Matheus Henrique, Matheus Pereira, Lucas Silva e Lucas Romero se juntaram pelo setor direito, começou a jogada brilhantemente conduzida por Matheus Henrique e finalizada por Kaio Jorge. Diniz mexeu, colocou Barreal e moveu Matheus Henrique, que inicialmente partia do setor esquerdo, para o meio.
Tentou povoar o setor, mas a necessidade do gol foi criando mais exposição do que grandes oportunidades. Ainda assim, Barreal teve boa participação ao entrar no jogo. No fim, um dos contragolpes do Racing contra uma defesa já aberta resultou no terceiro gol. Quem pensar na trajetória recente de um Cruzeiro que sofreu demais nas semanas finais de Fernando Seabra após um período de ótimo desempenho no Brasileiro, pode não deixar de notar a diferença em Assunção.
Fonte: © GE – Globo Esportes
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