Cuidado com o cenário econômico, especialmente o quadro macroeconômico, sob a observação do Teto dos Gastos e do Fundo Monetário Internacional.
Relembrando as conversas com minha tia, percebo que o desenvolvimento da política está sempre em constante mutação, refletindo as necessidades e aspirações de um povo. É como se as nuvens que observávamos ficassem em constante movimento, nunca estando estáticas. E é exatamente isso que torna a política tão fascinante.
A política pública, por exemplo, está constantemente sendo moldada pelo governo, em resposta às mudanças sociais e econômicas. O trabalho permanente de um governo é encontrar um equilíbrio entre as necessidades de todos os cidadãos, garantindo que a política pública beneficie a todos, em vez de favorecer alguns poucos. O deputado Ulisses Guimarães nos lembrou disso quando disse que a política é como as nuvens: nunca está estável. É por isso que a política é tão desafiadora e, ao mesmo tempo, tão gratificante.
Cenário Econômico: Uma Mudança Radical
No início de 2024, muitos analistas traçaram um quadro macroeconômico pessimista, prevendo um PIB abaixo do projetado. No entanto, o cenário econômico atual é diametralmente oposto, com um PIB maior do que o projetado, mas diversas outras variáveis piores. As nuvens econômicas mudaram radicalmente de formato, passando de um gatinho inocente a um tigre selvagem.
Política de Governo: Um Desafio
Fui contra a alteração do Teto dos Gastos pelo novo Arcabouço Fiscal, mas entendi que o governo do presidente Lula da Silva tinha direito de questionar a regra fiscal vigente. No entanto, desconfiava que seria arriscado propor algo naquela linha. O governo iniciou com uma relação dívida/PIB de 72%, e segundo projeções de bons economistas, deve encerrar seu mandato com 82%. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) vai nessa direção.
Quadro Fiscal: Um Déficit Crítico
Se analisarmos o que está ocorrendo nesse momento, veremos que o quadro fiscal é crítico. Estamos com um déficit de R$ 105 bilhões, de janeiro a setembro de 2024, quando, pela regra do arcabouço, só podemos chegar a R$ 28,8 bilhões no ano. Criamos várias exceções de gastos, como a ajuda ao Sul e os recursos para combater as queimadas no Pantanal e na Amazônia. A alternativa que o governo encontrou para alterar essa situação grave foi propor um ajuste estrutural de gastos, através de uma Junta de Execução Orçamentária, que teria o objetivo de propor cortes estimados em torno de R$ 50 bilhões.
Ajuste Estrutural de Gastos: Uma Necessidade
Infelizmente, no entanto, especula-se que o valor final da proposta deva ficar abaixo desse montante e não será suficiente para soerguer as expectativas dos mercados e o cumprimento da regra para a frente. Em relação a 2024, temos apenas três meses para conseguir um verdadeiro milagre. O presidente, em entrevista, diz que o mercado ‘fala bobagens todos os dias’, que conhece sua ‘gana especulativa’ e que vai vencê-lo. Peço vênia ao presidente, mas penso que nossos alertas sejam pertinentes.
Política de Cuidado com a Economia
Em recente artigo no Estadão, Henrique Meireles, seu ex-presidente do Banco Central, vai nessa direção, de pedir ajustes nos gastos. Ele também está falando bobagens? Foi seu banqueiro central por oito longos anos. Outra nuvem? Entendo as preocupações do mandatário, mas desgosto dessa ideia de que somos adversários, tendo um que vencer o outro. Cortar BPC, seguro-desemprego, recursos do Fundeb, desatrelar os pagamentos do INSS do salário-mínimo são decisões complexas sob o aspecto político/popular. Todavia, caso não se efetive um corte estrutural robusto, quem perderá é o país, com a inflação mais elevada. Dessa feita, teremos problemas que não serão contornáveis, pois necessitaremos de novas altas de juros, afetando a economia pública e o cenário econômico como um todo.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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