A taxa Selic é a referência para juros dos empréstimos e aplicações financeiras, podendo subir após valorização forte do dólar e insatisfação com o pacote de corte de gastos do governo, aumentando as expectativas para a inflação.
Em 2022, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide os juros de referência, representando uma decisão de grande importância para a economia brasileira, especialmente para os consumidores que utilizam empréstimos para financiar compras e investimentos.
Com o objetivo de manter o equilíbrio entre a inflação e o crescimento econômico, o Copom deve considerar a informação econômica recente, incluindo a taxa de juros, a inflação, bem como os fatores macroeconômicos que influenciam a economia. Ao definir os juros de referência, o Copom ajusta o valor que os bancos usam para calcular os juros dos empréstimos e das aplicações financeiras, o que tem um impacto direto nos juros que os consumidores pagam e recebem.
Evaluações económicas
Após a valorização do dólar e insatisfação com o pacote de corte de gastos do governo, os economistas estão mais otimistas sobre o aumento dos juros. Para manter a inflação controlada, uma estratégia é aumentar os juros, tornando o crédito mais caro e, consequentemente, desestimulando o consumo. Durante o encontro do Copom em novembro, os juros foram elevados por 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano. O Copom deixou os próximos passos em aberto, indicando que os ajustes dependeriam da evolução da inflação. Desde então, as expectativas para a inflação aumentaram devido à forte valorização do dólar e à desconfiança com a política fiscal do governo, uma vez que os gastos potencialmente levam a uma subida nos preços. Uma alta na taxa de juros agora é quase certa. Em uma entrevista com o Valor, foram ouvidas 117 instituições, das quais 89 esperam que o Banco Central aumentará os juros em 0,75 ponto percentual, para 12% ao ano, enquanto 24 casas estimam uma subida de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano. Apenas quatro apostam que o Copom manterá o ritmo da última reunião, de 0,50 ponto percentual, levando os juros para 11,75% ao ano. As expectativas dos economistas são mais conservadoras até do que as estimativas dos investidores no mercado de opções, como o Termômetro do Copom aponta. Como o preço da segurança está embutido na probabilidade de subida de 51% da Selic de 0,75 ponto percentual, para o patamar de 12% ao ano, contra uma possibilidade de 40% de subida de 1 ponto percentual, para o nível de 12,25% ao ano. A expectativa mediana do mercado é que a Selic suba para o patamar de 13,50% ao ano até o fim de 2025. Com as expectativas de juros mais altos, as aplicações financeiras de renda fixa devem oferecer taxas superiores. O conselho dos especialistas tem sido aproveitar as aplicações atreladas à Selic (como o Tesouro Selic) para resgatar o investimento a qualquer hora, mas principalmente os investimentos atrelados à inflação (como o Tesouro IPCA+) para os investidores que podem esperar uns anos para fazer as retiradas. Com a alta nas expectativas para a inflação e os juros, eles estão oferecendo taxas muito atrativas, de 7% ao ano mais a inflação, que são raras de se ver. Na contramão, os investimentos de renda variável tendem a perder atratividade com os juros nesse nível ou maiores até. Isso significa que a tendência é a bolsa demorar mais tempo para se recuperar.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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