MicroRNAs regulam genes, ativando ou silenciando-os. Falhas nessa regulação podem causar doenças, como câncer, afetando células e moléculas de DNA, RNA mensageiro e fatores de transcrição no corpo.
No corpo humano, todas as células compartilham o mesmo genoma, que é a informação genética armazenada em moléculas de DNA. Isso significa que, em essência, todas as células têm o mesmo conjunto de instruções. Mas, como a célula do pâncreas sabe que deve produzir insulina, enquanto a célula do cérebro não? A resposta está no papel do microRNA na regulação da expressão gênica.
A expressão gênica é controlada por uma complexa rede de moléculas de RNA, incluindo o microRNA, que desempenha um papel crucial na regulação da tradução de genes em proteínas. O microRNA pode se ligar a moléculas de RNA mensageiro (mRNA) e impedir que elas sejam traduzidas em proteínas. Esse processo é conhecido como RNAi (interferência de RNA). Além disso, o microRNA também pode regular a expressão de genes envolvidos na produção de insulina no pâncreas, permitindo que as células do pâncreas produzam essa proteína essencial. A regulação da expressão gênica é fundamental para o funcionamento adequado das células e tecidos do corpo humano.
O Papel do MicroRNA na Regulação Gênica
A diversidade de células no corpo humano é impressionante. Como é que as células dos músculos são tão diferentes dos neurônios, que por sua vez são tão diferentes de células do coração ou da pele? A resposta está na regulação gênica, um processo que permite que as células se diferenciem em tecidos e órgãos com funções específicas. Esse processo foi reconhecido com o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia para os pesquisadores Victor Ambros e Gary Ruvkun.
A regulação gênica é fundamental para evitar que todas as células do corpo produzam proteínas desnecessárias. Por exemplo, é preciso evitar que as células que não são do pâncreas produzam insulina. Para isso, é necessário regular como os genes são ativados e desativados. Um mecanismo eficaz é intervir no processo em que o DNA gera RNA que gera proteína. Podemos ativar ou desativar genes se conseguirmos pôr obstáculos em etapas do processo.
O MicroRNA e a Regulação Gênica
Desde a década de 1960, são conhecidos vários tipos de regulação gênica que interferem no início do processo, impedindo que o DNA produza RNA. São os chamados ‘fatores de transcrição’, proteínas que se ligam a regiões específicas do DNA, determinando quais delas serão transcritas em mRNA e quais não. No entanto, os pesquisadores premiados com o Nobel não trabalhavam com esses fatores de transcrição. Eles estudaram um verme chamado Caenorhabditis elegans, que é um dos melhores modelos para estudo de células eucarióticas.
Esses pesquisadores estavam muito curiosos com duas mutações neste vermezinho: uma mutação num gene chamado lin4 e, outra, no lin14. Estudando estes mutantes, perceberam que, de alguma forma, o lin4 regulava a atividade do lin14. Descobriram que o RNA formado pelo lin4 era muito pequeno, em torno de uns 20 pares de bases, e parecia não codificar para proteína nenhuma. Este RNA pequeno parecia servir apenas para atrapalhar a expressão do gene lin14! Esse RNA pequeno é conhecido como MicroRNA.
O MicroRNA e a RNAi
O MicroRNA é um tipo de RNA que não codifica proteínas, mas regula a expressão gênica. Ele é produzido a partir de genes específicos e é processado em moléculas menores que se ligam a moléculas de RNA mensageiro (mRNA), impedindo que elas sejam traduzidas em proteínas. Esse processo é conhecido como RNAi (RNA interference). O MicroRNA é um importante regulador da expressão gênica e desempenha um papel fundamental na regulação de processos celulares, incluindo a diferenciação celular e a resposta a estímulos ambientais.
O estudo do MicroRNA e da RNAi abriu novas perspectivas para a compreensão da regulação gênica e da biologia celular. Além disso, o MicroRNA tem potencial terapêutico para o tratamento de doenças, incluindo câncer e doenças neurodegenerativas. A pesquisa sobre o MicroRNA e a RNAi continua a avançar, revelando novos mecanismos e funções dessas moléculas importantes.
Fonte: @ Veja Abril
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