Falta de iniciativas para clientes com mais de 50 anos impacta envelhecimento populacional. Entidades bancárias devem desenvolver projetos para clientes com conhecimento dos produtos financeiros.
Considerando a evolução da sociedade, a geração de clientes com mais de 50 anos apresenta um potencial significativo para as instituições financeiras da América Latina. Além da experiência e estabilidade financeira, essa geração dispõe de uma visão de longo prazo, o que pode contribuir para a construção de relações sólidas com os bancos. Essa perspectiva de investimento e crédito pode ser fundamental para o crescimento sustentável das entidades bancárias e para o atendimento das necessidades dos consumidores mais velhos.
Ademais, a demanda por serviços de crédito e investimentos entre a geração mais velha é influenciada pelo aumento da população afetada pelo mercado de trabalho em idade avançada. Com idades mais avançadas, as pessoas tendem a buscar alternativas para garantir sua estabilidade financeira, o que pode incluir aquisições de imóveis, investimentos em renda fixa e outros tipos de crédito. Nesse contexto, as entidades bancárias podem aproveitar essas oportunidades para captar clientes mais idosos e oferecer-lhes produtos e serviços apropriados às suas necessidades. Com isso, as instituições financeiras podem se fortalecer e manter-se competitivas nesse mercado cada vez mais exigente.
Desafios na Geração Prateada
A geração prateada é uma parcela de consumidores que não tem sido priorizada pelos bancos digitais e fintechs, apesar de ser uma parcela importante da economia. A pesquisa Prateados na Argentina, no Chile, Paraguai e Uruguai (2023-2043), conduzida pela consultoria Data8 em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID Invest e BID Lab, revela que os bancos digitais na América Latina e no Caribe receberam 200% mais clientes, entre eles pessoas com mais de 50 anos, somente nos primeiros meses da pandemia de covid-19. No entanto, 75% das pessoas que integram a geração prateada têm uma conta bancária tradicional, enquanto só 15% utilizam serviços bancários digitais.
Consumidores e Bancos Digitais
É esperado que os clientes mais velhos estejam nos bancos mais tradicionais, especialmente quando tratamos do tema pela ótica da credibilidade. No entanto, o público maduro está aberto a novas marcas e pouco tem sido olhado pelos bancos digitais, que estão focados na Geração Z e nas crianças. Segundo Layla Vallias, cofundadora da Data8 e coordenadora da pesquisa, ‘o público maduro está aberto a novas marcas e pouco tem sido olhado pelos bancos digitais, que estão focados na Geração Z e nas crianças’.
Projetos de Bancos Digitais
Ao desenvolver a pesquisa para traçar os aspectos que impactam o envelhecimento populacional e, a partir disso, propor diretrizes para diferentes setores da economia, a consultoria identificou um contingente ainda incipiente de iniciativas dos bancos digitais para o público prateado, como linhas de crédito e cartões de benefícios. Em partes, isso também reflete o estágio das fintechs dos países pesquisados em relação ao Brasil.
Entidades Bancárias e Mercado
Um outro dado apresentado no relatório mostra que 40% das pessoas na América Latina e no Caribe com 50 anos ou mais e renda de até dois salários mínimos mensais não possuem nenhum produto financeiro. Isso realça, segundo a pesquisa, que, apesar de um certo grau de atividade bancária na região, ainda persistem desigualdades importantes no índice bancário — como acesso, utilização, nível de serviço e conhecimento dos produtos financeiros. ‘Se os bancos digitais considerarem esse público para testes de produtos e de serviços há muito a se ganhar porque se o produto é bom pra economia prateada, é bom para todos’, afirma a coordenadora da pesquisa.
Anos de Desenvolvimento
O momento para os bancos aprenderem a desenhar produtos para o público mais velho é agora, já que a primeira geração dos millennials (pessoas nascidas entre 1981 e 1996) estão chegando aos 40 anos e é a geração com mais dinheiro, acima da economia prateada. O olhar para os países vizinhos foi feito depois da Data8 realizar um estudo ao longo de oito anos traçando as particularidades brasileiras. Neste retrato, Vallias destaca que os bancos digitais são referência para a região e se destacam no quesito usabilidade, mas ainda há espaço para uma maior adaptação afim de aumentar a facilidade para os brasileiros mais maduros.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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