Estudante de ensino médio, de comunidades do Arquipélago do Bailique, realizou o exame nacional em Macapá, onde se localiza o leito do canal do Livramento, com águas salinizadas.
Dayana Rodrigues, de 18 anos, integra um grupo de 80 estudantes e educadores do Arquipélago do Bailique que foram a Macapá para realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2024. O exame foi realizado em todo o país nos dias 3 e 10 de novembro, trazendo expectativas para os jovens.
Além de ser uma oportunidade para os estudantes avaliarem seus conhecimentos em diversas áreas, o Enem é uma ferramenta importante para a qualificação das vagas nas instituições de ensino superior, como faculdades e universidades. Com a conclusão bem-sucedida do Enem, os estudantes podem ter acesso a recursos de bolsas de estudo e outros programas de apoio ao ensino superior. O Enem é portanto, um exame nacional que contribui significativamente para a formação de uma geração mais qualificada.
Estudantes enfrentam desafios para chegar ao Enem em Macapá
Dayana, assim como os colegas, enfrentou obstáculos para chegar à capital do Amapá, Macapá, onde participou do primeiro dia de exame nacional de ensino médio. Para chegar à capital, a estudante contou que saiu da comunidade de Vila Maranata do Igarapé Grande, que, como outras regiões do Amapá, enfrenta forte seca e assoreamento dos rios devido à estiagem e à salinização das águas. A viagem do Igarapé Grande até Macapá durou 16 horas, mas Dayana teve que sair de casa às 12h do dia 29 de outubro e só chegou às 3h do dia 30 para pegar o barco em Vila Progresso, ambas pertencentes ao Arquipélago do Bailique.
A estudante se preparou muito para fazer as provas assistindo aulas por vídeo e também com o auxílio dos professores em sala de aula. Para conseguir chegar a Macapá, foi uma verdadeira maratona: ‘Saímos de Vila Progresso na quarta-feira à tarde com destino a cidade de Macapá. Chegamos 1h da madrugada, dormimos no barco até o dia amanhecer’, explica Dayana. O incentivo da mãe é o que lhe dá força para enfrentar as dificuldades: ‘O sonho da minha mãe e me ver formada, então, faço isso por ela. Por ela ser a minha guerreira que está me apoiando, me dando força pra ter enfrentado tudo isso’, conta.
O exame nacional de ensino médio será retomado no próximo domingo (10), em todo o país. Moradores do Arquipélago do Bailique, no litoral amapaense, realizaram um mutirão nos dias 23 e 24 de outubro para cavar o leito do Canal do Livramento, na foz do Rio Amazonas, devido à seca. Parte dos canais, responsáveis pela conexão entre as 56 comunidades existentes no conjunto de ilhas, está praticamente intrafegável.
A falta de água potável em algumas regiões do Amapá, incluindo o Arquipélago do Bailique, é um problema sério. O problema se agrava na época da estiagem, quando a seca afeta a capacidade dos rios de fornecer água potável para as comunidades. O assoreamento dos canais é outro problema encontrado, principalmente em comunidades que dependem desses canais para o escoamento da água.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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