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Professora da rede pública fez desabafo sobre a aplicação malsucedida da educação positiva. Especialistas apontam interpretação errada da filosofia respeitosa.
‘Educar seu filho está se tornando um desafio cada vez maior. Não é simples lidar com 30 ou 40 crianças simultaneamente, em uma sala de aula. A educação permissiva tem sido questionada diante desse cenário.
A educação permissiva pode ter suas vantagens, mas é preciso encontrar um equilíbrio. É fundamental estabelecer limites e regras claras para garantir um ambiente propício à instrução e ao aprendizado. A educação permissiva em excesso pode resultar em falta de disciplina e comprometimento dos alunos.’
Desabafo de uma professora sobre a educação permissiva
O desabafo vem de uma professora da rede pública de São Paulo, que expressa sua angústia diante de crianças que desafiam as regras e resistem à autoridade, mesmo que esta seja respeitosa. Rebeca Café, de 29 anos, tornou-se viral nas redes sociais ao apontar a ‘educação permissiva’ como a raiz desse caos. Ela identifica a aplicação falha da ‘educação positiva’, uma abordagem em destaque nas mídias sociais por promover valores como respeito, diálogo e negociação na educação dos filhos, sem autoritarismo.
A professora destaca a dificuldade enfrentada quando os pais optam por ‘camuflar’ as regras e permitir que as crianças tomem decisões, o que acaba prejudicando o trabalho dos docentes. Em vez de simplesmente dizer ‘João, é hora de almoçar’, os familiares oferecem opções como ‘João, prefere almoçar com o garfo amarelo ou com o azul?’.
Rebeca ressalta que não é contra a educação respeitosa e até a pratica com seu próprio filho em casa. No entanto, ela alerta para a interpretação equivocada desse conceito, que está se espalhando pela internet e resultando em indivíduos com dificuldades de se integrar à sociedade. Os alunos já não aceitam mais um horário fixo para o término do recreio, mesmo que outra turma precise usar o parquinho em seguida.
A pedagoga Ariella Warner, especialista em abordagem cognitivo-comportamental na infância e adolescência, destaca a diferença entre educação positiva e permissiva. Enquanto a primeira visa se opor à educação violenta e opressiva, a segunda se confunde com permissividade ao invés de respeito. Para Ariella, é fundamental encontrar um equilíbrio entre ser respeitoso e assertivo na orientação das crianças, sem cair no autoritarismo.
Neste contexto, é essencial compreender a importância de estabelecer limites claros e normas consistentes, tanto em casa quanto na escola, para promover o desenvolvimento saudável das crianças e sua integração na sociedade. A educação permissiva pode resultar em indivíduos egocêntricos, com dificuldades de conviver em grupo e respeitar as regras coletivas, prejudicando não apenas seu próprio desempenho, mas também o dos colegas.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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