Projeto Amazon Tech House: iniciativa do cacique da Aldeia Gamir que usa blockchain e Web3 para gerenciar território, bioeconomia e burocracia.
Na Terra Indígena Sete de Setembro, situada entre o município de Cacoal, Rondônia, até o município de Aripuanã, em Mato Grosso, a comunidade Paiter-Suruí busca promover a inclusão financeira para garantir a sustentabilidade de seu território no futuro. Através de projetos e parcerias, eles buscam fortalecer a economia local e promover o acesso a serviços financeiros essenciais.
Além da inclusão financeira, a comunidade também está focada na inclusão econômica e inclusão bancária. Com iniciativas inovadoras, eles buscam criar oportunidades de desenvolvimento sustentável, garantindo que todos os membros tenham acesso a recursos e ferramentas necessárias para prosperar. A busca por soluções financeiras inclusivas é fundamental para garantir o bem-estar e a autonomia da comunidade a longo prazo. gestão
Inclusão Financeira e Bioeconomia na Amazônia
A evolução da bioeconomia, que se baseia na valorização dos recursos naturais em conjunto com a preservação da biodiversidade, abre novas perspectivas para as comunidades florestais. No entanto, desafios como a burocracia e a baixa alfabetização digital dificultam o acesso a essas oportunidades, conforme observado por Uraan Anderson Surui, vice-cacique geral do Povo Paiter-Suruí.
Para superar essas barreiras, o líder da Aldeia Gamir recorreu à tecnologia blockchain e à Web3 – a próxima fase da internet baseada em blockchain – como ferramentas para capacitar sua comunidade. O blockchain é uma tecnologia de registros criptografados que possibilita o compartilhamento seguro e transparente de informações. Essas redes de registros públicos permanentes e invioláveis servem de base para criptomoedas, contratos inteligentes e monitoramento de cadeias produtivas, entre outras aplicações.
Na sua residência na aldeia, localizada a 480 km de Porto Velho, capital de Rondônia, ele inaugurou recentemente a Amazon Tech House, uma iniciativa inovadora que visa capacitar as comunidades indígenas da Amazônia, oferecendo um espaço para aprendizado, inclusão digital e acesso a recursos tecnológicos.
‘Através da nossa tech house, temos a oportunidade de realizar cursos a distância, tanto no Brasil quanto no exterior, diretamente da floresta amazônica. Além disso, podemos explorar a Web3 para obter financiamento para projetos’, destacou durante o Finance of Tomorrow, evento paralelo ao G20, que reúne autoridades regulatórias, representantes de fintechs, bancos centrais e líderes financeiros.
Para o líder indígena, o blockchain está alinhado com os objetivos da Cooperativa Agroflorestal Suruí (COOPSU), dedicada à agricultura sustentável e regenerativa. A tecnologia oferece benefícios tanto no rastreamento de produtos quanto na transparência dos projetos, contribuindo para o fortalecimento da comunidade.
‘Ao construirmos nossa cooperativa, resgatamos nossa cultura de cooperação, que havia sido perdida em meio a disputas e competições. O blockchain promove essa cooperação’, ressaltou.
Através da tecnologia blockchain, é viável propor a captação por meio de DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas), comunidades onde propostas de impacto público são avaliadas, votadas e apoiadas pelos usuários em troca de tokens. Essa abordagem é fundamental para capacitar a comunidade a buscar novas oportunidades e impulsionar os projetos.
‘Às vezes, é mais simples dialogar com um robô do que com um gerente de banco’, observou o cacique da Aldeia Gamir, enfatizando a importância de capacitar seu povo para explorar novas possibilidades de crescimento.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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