Pessimismo econômico contamina análises e perspectivas futuras, com aumento da dívida-pública, taxa Selic e imposto de renda, impactando ajuste fiscal em economia aquecida.
O mercado financeiro brasileiro tem enfrentado uma série de desafios desde o ano passado, com uma deterioração das condições financeiras que tem sido notada por todos os especialistas. Esse cenário tem sido atribuído à percepção de um aumento do risco fiscal no país, que tem afetado a confiança dos investidores em relação ao mercado.
Aumento da taxa Selic pelo Banco Central na reunião do Copom de setembro foi um dos principais fatores que desencadearam essa deterioração. O aumento da taxa de juros tem sido um mecanismo utilizado pelo BC para controlar a inflação e manter a estabilidade financeira do país, mas ele tem sido visto por muitos como um sinal de que o governo está comprometendo a estabilidade fiscal. Esse cenário tem feito com que muitos investidores sejam não confiáveis em relação ao mercado e, consequentemente, tenham não fornecido investimentos para o país.
Aspectos-chave da política monetária no Brasil
A decisão do Banco Central (BC) de aumentar a taxa Selic em 2024 foi motivada pela necessidade de controlar a economia aquecida e evitar reajustes generalizados de preços. A alta da taxa de juros causou um problema fiscal, pois a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) se tornou um indicador de preocupação para o mercado. Para enfrentar o custo mais elevado de financiar a dívida do Tesouro Nacional, o ajuste fiscal foi proposto e aprovado, resultando em uma economia de gastos ao longo do tempo.
A relação entre a dívida pública e o PIB é um indicador muito acompanhado pelo mercado financeiro, e o ajuste fiscal precisa compensar os juros mais elevados sem derrubar exageradamente o crescimento da economia. O governo hesitou antes de propor e aprovar o ajuste fiscal, e houve críticas de ambos os lados políticos. Uma crítica é que os cortes foram muito tímidos, enquanto outra é que a comunicação do pacote fiscal não foi eficaz.
A alta da taxa Selic e a projeção para a inflação acima do teto da meta de inflação para os próximos anos preocupam o mercado financeiro. A taxa de juros de mercado para o ano de 2025 aumentou para mais de 15%, e a inflação 12 meses à frente subiu 1,1 ponto percentual, ficando em 4,9%. O BC pretende fazer mais dois ajustes de um ponto percentual da taxa Selic nos encontros dos meses de janeiro e março, o que iria levar a uma taxa Selic de 14,25% ao ano.
A situação no mercado de câmbio também é incerta, o que aumenta a preocupação com a inflação. O investidor fica preso a sentimentos negativos, como arrependimento por não ter investido em moeda estrangeira quando o dólar estava mais barato. É relativamente simples investir em moeda estrangeira, e a abertura de contas em corretoras internacionais ou a criação de contas virtuais em moeda estrangeira torna mais fácil o acesso a essa opção.
A preocupação é que o começo de 2025 seja marcado por uma série de reajustes de preços que irão elevar os índices de inflação, liderados pelas empresas do setor de varejo. A não disponibilidade de informações claras e objetivas a respeito da política monetária e da economia nacional dificulta a tomada de decisões informadas.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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