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Especialista defende que oito horas de trabalho, lazer e descanso são armadilha para grupo de fãs da cronodiversidade cultural.
Jenny Odell é uma figura familiar em alguns círculos de entusiastas de tempo e eficiência. E não por um motivo positivo, não.
Em seu livro ‘Como fazer nada: resistir à economia da atenção’, Odell explora a importância de desacelerar, apreciar o tempo e reconectar-se com o ritmo natural da vida. Ela nos lembra que a temporalidade é essencial para nossa saúde mental e criatividade. É crucial encontrar um equilíbrio entre a constante pressa da sociedade moderna e a necessidade de apreciar o tempo que temos disponível. grupo
Reflexões sobre o Tempo e a Temporalidade na Sociedade Moderna
Há alguns anos, a autora publicou um livro intitulado ‘Como não fazer nada’, onde ela protestava contra a capitalização do nosso tempo, a rentabilidade da nossa atenção e o estado de impaciência e ansiedade em que vivemos. Agora, ela retorna à discussão, enfatizando a importância da cronodiversidade em nossas vidas.
A temporalidade é um conceito que pode parecer peculiar à primeira vista, mas a ideia por trás disso é simples: o tempo é um artefato cultural, e ter consciência disso é fundamental para compreender que o ritmo e a velocidade com que vivemos nas sociedades modernas estão longe de ser normais. Como mencionado em uma entrevista recente, crescemos sob a ideia de que tempo é dinheiro.
A pressão de vender um terço do dia para pagar as contas é uma realidade que muitos enfrentam diariamente. Assim, organizamos nossas vidas em torno do relógio corporativo, como aponta José María Robles. Mas será que existem outras maneiras de perceber e utilizar o tempo?
O tempo é um conceito multifacetado, como nos lembra Odell. Ele discute diferentes tipos de tempo, como o tempo indígena, tempo das mulheres, tempo negro e tempo coletivo queer. Embora possamos não aderir a todas essas tipologias, é inegável que a forma como conceituamos e gerenciamos o tempo tem um impacto significativo em nossas vidas.
Recentemente, temos visto um debate crescente sobre a eficácia da jornada de oito horas de trabalho. Muitos argumentam que essa estrutura é improdutiva e estão surgindo propostas de redução da jornada de trabalho, como a semana de quatro dias. O trabalho remoto e as novas tecnologias também estão desafiando as fronteiras entre vida profissional e pessoal.
Em um mundo marcado pela hiperconexão, a teoria dos três oitos – oito horas de trabalho, oito de descanso e oito de disponibilidade – está passando por mudanças significativas. A constante disponibilidade e pressão para estar sempre conectado estão gerando consequências como estresse, invasão do espaço privado e falta de pontualidade.
O esgotamento não é mais um problema restrito ao ambiente de trabalho, mas está se espalhando para outras áreas de nossas vidas. É fundamental repensar nossa relação com o tempo e a temporalidade, buscando um equilíbrio que promova não apenas a produtividade, mas também o bem-estar e a qualidade de vida.
Fonte: @ Minha Vida
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