O espaço abriga uma coleta de objetos de cultura afro-brasileira, incluindo troncos e chicotes usados durante a época da escravidão, instrumentos e artesanal.
📲 Siga o A10+ nos principais canais de mídia social.
O Museu do Piauí – Casa de Odilon Nunes, instalado no coração de Teresina, é um ponto de encontro singular para a reflexão sobre a escravidão e sua dimensão social.
O local não apenas proporciona um espaço de aprendizado, mas também um local de reflexão sobre a escravidão. Além de exibir coleções que retratam a escravidão e as resistências ao trabalho forçado, o museu promove debates e discussões sobre a escravidão e a servidão, reforçando a importância da escravo-trabalho na sociedade contemporânea. O impacto da escravidão é abordado de forma crítica, destacando a necessidade de uma abordagem mais profunda sobre as relações de poder e as estruturas sociais que ainda perpetuam a escravidão em suas formas mais sutis.
Arqueologia da Escravidão: Desvendando os Segredos do Passado
No coração do Museu do Piauí, o espaço exclusivo de escravidão é um labirinto de emoções, onde as ferramentas de suplício usadas na Fazenda Serra Negra, em Aroazes (PI), entre 1722 e 1741, provocam uma reflexão profunda nos visitantes. O escravo, um símbolo da forçada laboração, está presente em cada peça, recordando-nos da brutalidade da escravidão.
O Poder do Escravo: Um Trabalho Forçado e Um Trabalho Artesanal
Entre os itens expostos, não podem deixar de ser mencionados os dois troncos de madeira que serviam para castigar escravizados. Um deles era capaz de aprisionar até quatro pessoas ao mesmo tempo, testemunho da barbárie que os escravizados vivenciaram. Além disso, um ferro para marcar os escravizados, com as iniciais ‘J.do. B.’, traz à tona o nome do proprietário da fazenda, J. do B., um fato que diz muito sobre a sombra da escravidão.
Arte e Suplício: O Chicote de Ferro Trançado
Outro item que impacta fortemente é o chicote de ferro trançado, uma ferramenta cruel usada pelo feitor para castigar os escravos. A escravidão era um sistema que restringia a liberdade e a dignidade, reduzindo o homem a uma mercearia. O chicote de ferro, pelos seus cortes, foi um instrumento de suplício que, por décadas, castigou o trabalho escravo.
O Poder da Cultura Afro-Brasileira
Os visitantes também têm a oportunidade de conhecer uma gargantilha de ferro com sino, um instrumento cruel usado para quem tentava fugir. O escravo estava, assim, sujeito a todo tipo de castigo, desde o chicote, o açoite e até mesmo o fogo. O escravo era, na verdade, um trabalhador forçado e, assim, um escravo.
Da Cultura Afro-Brasileira à Cultura das Comunidades Quilombolas
O historiador do Museu do Piauí, Gilvan Oliveira, salienta que, apesar de essas peças de suplício não fazerem parte da cultura afro propriamente dita, elas são parte de uma história que não pode ser ignorada. É uma história que precisa ser conhecida e refletida por todos que visitam o museu, para que se tenha consciência do sofrimento vivido pelos escravizados no Piauí.
Uma Visão Profunda sobre a Escravidão
Além dos objetos de sofrimento, o espaço também conta com pinturas relacionadas à cultura afro-brasileira e uma exposição fotográfica que visa mostrar os traços étnicos da população negra no estado. Outros itens de destaque incluem potes e telhas do século XIX, que fazem referência ao trabalho artesanal realizado pelos escravizados.
Um Legado da Escravidão
Há ainda um espaço dedicado à memória de Júlio Romão da Silva, um importante escritor piauiense e negro, membro da Academia Piauiense de Letras, que dedicou grande parte de suas pesquisas à temática afro no estado. O professor Rafael Costa e Araújo, do Núcleo de Atendimento a Altas Habilidades e Superdotação (NAAH-S) da Secretaria de Educação, destaca que a visita ao Espaço Afro do Museu do Piauí é uma oportunidade de enriquecer o repertório cultural dos estudantes.
Um Legado da Cultura Afro-Brasileira
Para ele, a visita é uma forma de conhecimento que, ao lado da teoria, serve para entender melhor como acontecia na prática. Ao visitar esse espaço e ver os instrumentos de tortura, entendemos melhor a crueldade da época. Por exemplo, o chicote de ferro, que cortava a pele, nos faz compreender o quanto esses castigos eram desumanos.
A Importância da Memória
A visita ao Espaço Afro do Museu do Piauí oferece, portanto, uma reflexão profunda sobre o sofrimento histórico dos escravizados e a importância de preservar e divulgar essa memória para as gerações futuras.
Fonte: © A10 Mais
Comentários sobre este artigo